
Após o tarifaço dos Estados Unidos, FMI reduz projeção do PIB global
Após o tarifaço dos Estados Unidos, FMI reduz projeção do PIB global
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A guerra tarifária deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem feito as projeções do mercado para o crescimento da economia global encolherem de forma generalizada, especialmente neste ano. E, ontem, foi a vez de o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciar as novas projeções, que foram reduzidas em relação às estimativas anteriores, feitas antes de o republicano assumir o comando da maior economia do planeta.
No relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado ontem, o FMI passou a prever avanço de 2,8% no Produto Interno Bruto (PIB) global, neste ano, dado abaixo dos 3,3% previstos em janeiro, na atualização do WEO de outubro, quando a estimativa para a expansão global era de 3,2%.
O Fundo ainda revisou de 3,2% para 1,7% a previsão de crescimento do comércio mundial, neste ano, e elevou de 4,2% para 4,3% a projeção para inflação global. Ao explicar aos jornalistas as novas projeções do WEO, Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI, informou que a economia global entrar em uma "Nova Era", em meio a tensões comerciais e alta incerteza política, e, consequentemente, com desafios que precisarão ser enfrentados pelo caminho.
"O sistema econômico global sob o qual a maioria dos países operou nos últimos 80 anos está sendo redefinido, conduzindo o mundo a uma nova era. As regras existentes são desafiadas enquanto novas ainda estão por surgir", afirmou. Ele lembrou que a taxa tarifária efetiva dos EUA "ultrapassou os níveis alcançados durante a Grande Depressão, enquanto as contra-respostas dos principais parceiros comerciais elevaram significativamente a taxa global".
As recomendações do Fundo, segundo Gourinchas, exigem prudência e a primeira prioridade "deve ser restaurar a estabilidade da política comercial e forjar acordos mutuamente benéficos". "A economia global precisa de um sistema comercial claro e previsível que resolva as lacunas de longa data nas regras de comércio internacional, incluindo o uso generalizado de barreiras não tarifárias ou outras medidas que distorcem o comércio. Isso exigirá maior cooperação", afirmou.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, reconheceu que a preocupação do FMI com os impactos da guerra tarifária travada por Trump e que teve forte retaliação da China tende a desacelerar o crescimento da economia global e a provocar pressões inflacionárias, principalmente, nos Estados Unidos. "O tarifaço de Trump está criando uma nova desordem mundial e é o ponto chave das mudanças nas projeções globais", afirmou. De acordo com o economista, devido às medidas de estímulo consumo que já começaram a serem adotadas pelo governo, como a liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), nova linha de crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada e a antecipação do 13º salário dos aposentados — cuja primeira parcela estará disponível a partir de hoje —, o risco de recessão neste ano é remoto, especialmente com a perspectiva de que Trump não conseguirá manter em pé as medidas protecionistas.
"A gente não prevê essa questão da recessão na economia global, porque o Trump vai acabar recuando. Essa guerra comercial é um jogo de perdedores. Ninguém ganha. E, por enquanto, as projeções recentes do FMI e de outros órgãos multilaterais estão mais otimistas do que os alertas que eles estão fazendo", afirmou Agostini. Ele tinha uma projeção mais pessimista do que o mercado para o PIB brasileiro deste ano, e, acaba de revisar de 1,5% para algo entre 1,7% a 1,8%, devido ao fato de os indicadores dos primeiros meses do ano indicarem uma atividade mais forte.
Fonte:correiobraziliense